quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

Quem conta a história das ciências?

Agora falando de um dos livros lançados em 2013!

Desenvolvida durante muito tempo à margem dos departamentos de história ou da ação dos historiadores, a história das ciências só começou a apresentar características específicas em um processo iniciado no final da década de 70. As precondições que marcaram o surgimento dos estudo de ciência, as sciencie studies, são o objeto de estudo de Carlos Alvarez Maia, em História das ciências – uma história de historiadores ausentes, lançamento da Editora da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (EdUERJ). 
A princípio, a história das ciências era área ocupada por filósofos e cientistas, o que restringia o entendimento sobre sua natureza. Era necessário compreender as descobertas científicas não somente integrando a linha evolutiva da área, mas percebê-las como parte de um panorama político e social de uma época. Afinal, presumir que os cientistas e pesquisadores não fizessem parte da sociedade tiraria a qualquer credibilidade na construção da história dos saberes científicos.
O livro de Carlos Alvarez Maia remonta a este processo: o período de 1920 a 1970, com as linhas de pensamento que conflitavam, ao se buscar descrever a trajetória da evolução dos saberes científicos. Um exemplo de postura que atrasou o surgimento das sciencie studies: durante bastante tempo, os cientistas, que se dedicavam a esta narrativa da evolução científica, compartilhavam da teoria de que as influências sociais como as ideologias ou crenças contaminariam o saber puro, prejudicando a verdade científica. Contudo, se por um lado, o excesso de ideologias pode deformar uma descoberta ou levar a manipulações, por outro, esta utopia do saber imaculado também traz graves distorções, principalmente quando se deseja organizar a sucessão de fatos em uma narrativa. Qual seria o motivo de a ciência estudar determinados assuntos, se não fossem prioritários em determinadas fases da civilização, o que inclui a facilidade de se conseguir um aporte financeiro?  Então, se não os cientistas, quem deve responder pela história da ciência?
Além de descrever panoramas que podem contribuir para compreender o surgimento dos science studies, o autor também questiona porque no Brasil ainda existe resistência por parte de historiadores em se dedicarem à história da ciência, área que hoje congrega sociólogos e outros cientistas sociais. Baseado em cuidadosa pesquisa, “História das ciências” traz fatos e propõe questões, inserindo-se como uma contribuição para a percepção da ciência como um objeto histórico.



segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Livro observa influência da África na cultura e na arte brasileiras (RELEASE OFICIAL)

A África está no Brasil diariamente, rotineiramente. É perceptível a onipresença das culturas africanas em práticas cotidianas e a influência que exercem em inúmeras criações, seja no mainstream ou no underground. No hip hop, nos museus, na religião, no artesanato e em muitas outras representações.
Observar de forma minuciosa os caminhos dessas expressões culturais, indo além da questão da etnia, é a proposta de Roberto Conduru em Pérolas negras - primeiros fios: experiências artísticas e culturais nos fluxos entre África e Brasil, lançamento da EdUERJ.
Em 42 ensaios, o autor tece reflexões sobre o legado africano para a sociedade brasileira. São analisadas diferentes expressões culturais, almejando encontrar as Áfricas genuinamente brasileiras que permeiam a cultura e podem se expressar mesmo em artistas que não sejam afrodescendentes. 
Para isso, observa criações como as gravuras de Oswaldo Goeldi, as pinturas de Di cavalcanti, as artes plásticas de Rubem Valentim ou Lygia Pape, os ensaios fotográficos de Mário Cravo Neto e outros exemplos. Além de analisar obras específicas, o autor examina o processo como um todo.
"Na sua maioria, os diálogos com o universo cultural afro no Brasil focam nas religiões de matrizes africanas e na problemática social da negritude", explica Robeto Conduru no capítulo "Entre o ativismo e a macumba - arte e afrodescendência no Brasil contemporâneo".
Com uma abordagem multidisciplinar, com incursões na antropologia, na sociologia e em outras áreas do conhecimento humano, Pérolas negras é um livro indicado sobretudo aos estudiosos da arte, da história da arte e da cultura, com ênfase nas questões da africanidade e da afro-brasilidade.


quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

Começando 2014 com livros na área de educação

A EdUERJ acaba de lançar dois livros que podem ser bem atraentes para os que estudam ou transitam na área da educação.

O primeiro é Currículo, políticas e ação docente, organizado por Maria de Lourdes Rangel Tura e Maria Manuela Alves Garcia. O livro se divide em duas seções, a saber: Abordagem teórico-metodológicas e Políticas de currículo e ação docente. É resultado do Projeto de Intercâmbio e Pesquisa em Políticas de Currículo, financiado pela CAPES. Participaram pesquisadores da Universidade Federal do Pará (UFPA), da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e da UERJ.São 14 capítulos, de autores diversos, enfocando as maneiras às vezes até conflitantes de pensar a questão do currículo no âmbito das políticas educacionais.







O outro lançamento é Estratégias Educacionais diferenciadas para alunos com necessidades especiais, organizado por Rosana Glat e Márcia Denise Pletsch. Aqui o foco é a educação inclusiva, tratando principalmente do Plano Educacional Individualizado (PEI), instrumento que começou a ser utilizado na Europa e nos Estados Unidos para facilitar a adaptação dos alunos portadores de necessidades especiais. Entre os temas abordados estão estratégias pedagógicas de inclusão, como o ensino colaborativo e a aprendizagem mediada, e a atuação da escola como parceira no processo que prepara o aluno com deficiência para o mercado de trabalho.


São dois lançamentos que podem interessar a pesquisadores em educação, estudantes de pedagogia ou mesmo a professores de outras áreas que gostem de refletir sobre temas vitais ao cotidiano docente.