quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Livro discute criações de Manuel Zapata Olivella



Um autor que é referência para o estudo da literatura latino-americana, embora permaneça inédito para o mercado editorial brasileiro. Este é Manuel Zapata Olivella criador de clássicos que investiram na sua realidade local, a Colômbia, e descreveram a penúria e a marginalização dos afrodescendentes em uma América Latina pós-colonial. A relevância de sua obra pode ser melhor compreendida por intermédio de Manuel Zapata Olivella e o “escurecimento” da literatura latino-americana (EdUERJ), de Antonio Tillis, professor da College of Charleston.
   


Para o professor da Universidade Federal de Minas Gerais, José de Paiva dos Santos, responsável pela tradução e pela introdução do livro de Tillis, a literatura de Zapata “constitui terreno fértil para o debate acerca de temas que permeiam nossa cultura pós-moderna”. No caso, enfoques como “identidades fragmentadas, hibridismos, cosmopolitismos, transnacionalidade e transculturalidade”, segundo o professor.
  
Prof. Tillis, o autor
Autor de obras seminais como Changó, el gran putas e Chambacu, corral de negros, Zapata é recorrentemente estudado no meio acadêmico em função de seu pioneirismo não só nos temas, mas nas estruturas linguísticas. A pesquisa de Antonio Tillis ajuda a compreender a importância do escritor colombiano, marcante por representar o negro latino-americano distante de estereótipos tão comuns à literatura. Mesmo quando Zapata narra situações ocasionadas pela fome, como no romance Tierra, ainda há espaço para reflexões sobre o sincretismo cultural ou as estruturas patriarcais das famílias.
   
    Um dos trunfos relativos à literatura de Zapata é que a realidade dos descendentes africanos na Colômbia encontra um paralelo nos povos de outros países latinos. O próprio autor, um escritor mestiço, de pai negro e mãe com raízes espanhola e indígena, conviveu e reproduziu em seus textos as subjetividades que compunham sua pessoa.
   

   Há de se questionar por que no Brasil, um país afetado em demasia por questões concernentes à desigualdade racial, exista dificuldade para se encontrar o exemplar de um livro de Zapata Olivella. Com isso, perdura um cenário em que a maioria de narrativas existentes reproduzem apenas a visão herdada dos colonizadores, aquela em que as etnias negras ou indígenas têm suas contribuições subestimadas.
  
   Felizmente hoje existe um crescente esforço no sentido de uma reavaliação do impacto da contribuição das raízes africanas para a formação da sociedade. Em sintonia com este movimento,Zapata Olivella e o “escurecimento” da literatura latino-americana insere-se como indicação para estudiosos de literatura ou para os interessados em compreender de forma plural a cultura da sociedade latino-americana.

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